Fim de tarde de inverno, me encontrava num jardim; a neve cobria a grama verde escura, as arvores sem vida, sombrias, enormes. Procurava inspiração, e alguma coisa para refletir. Minha vida era isso... Apenas isso... Entao ela apareceu. Pálida, de cabelos negros e cumpridos, parecia apreciar o frio com seu vestido longo de braços à mostra; sentiu minha presença, olhou para trás, sussurrou-me algo e sem mais, desapareceu...
Apaixonei-me...
Chorava...
Aos pés de uma estatua adormeci, e tempo depois escutei meu nome ser pronunciado. Acordei. Ela me olhava profundamente. Disse que um dia me amou demais, mas nada fora como pensara que seria. Desapareceu. Voltei para casa, e em meu leito encontrei um bilhete que dizia: "Então nos desencontramos... Minha vida de pecados ainda nao fôra perdoada e voltastes sem mim. De forma que só faz este espírito despertar de paixão, e então em forma de vida, apenas contento-me com a tua, e castigo-me em saber que me esquecestes."
Por uma fração de segundo com os olhos vazios, projetei em minha mente seu rosto, suas formas, seu cheiro, e vi-me com a mão em sua nuca, um arrepio, e da minha boca saíram as palavras: "Eu te amo, Helena". Abri meus olhos e me dei conta de uma história , uma vida... Um amor, que um dia fez de mim um homem feliz. Ela surgiu e estendeu-me a mão, e com aquela aliança, entreguei-lhe minha vida, ao único motivo que um dia me fizera viver.