Chamavam de “O Refúgio”. Para entrar passava-se por um corredor escuro e pelo minúsculo buraco da fechadura via-se de longe um feixe de luz branca. Não havia sons, a não ser ao menos do próximo refugiado que caminhava até o destino. Ao abrir a porta, a luz era de se consumir os olhos, e não havia diferença entre o solo e o teto, na verdade não se sabia o limite do teto. Ao adaptar-se a luz ambiente é como se estivéssemos numa caixa infinita, onde aquela prisão pudesse ser a forma mais próxima da liberdade. Irônico, não?
Não apenas os seres humanos procuram a liberdade, então não seria estranho notar que há um animal no local. É cruel dar esse nome (animal) a um ser... Posso dizer como narrador onisciente, que entendo o que o mesmo faz ali, e por que ele procurou o local. Mas ele está adormecido.
Alana procurou “O Refúgio”. Estatura mediana, pele clara, cabelos morenos e cumpridos, expressões desesperadas, e o modo como ela
vê o local é aliviante para a mesma.
vê o local é aliviante para a mesma.
- Paz... – Pronunciou suspirando.
E lentamente ela segue uma caminhada por
esta grande caixa infinita, e some no horizonte.
esta grande caixa infinita, e some no horizonte.
As portas do refúgio constantemente se abrem. Sim, há várias. Eu poderia te dizer que o refúgio chegava a ser comparado ao tamanho da Terra, por essa dimensão, todas as pessoas do mundo poderiam entrar nele sem se encontrarem. Poderiam.
Por uma daquelas portas, entra Peter, alto, loiro, e elegante também. Abre mão de seu terno, e caminha.
Minha vista não vê os cantos dessa caixa... Parece um mundo em círculos, tanto que é que volta do horizonte, a garota caminhando. Este refúgio pareceu adaptar-se, e no campo de vista de Alana, lá está o animal. Ela se assusta.
- O que é isso?! – recua uns passos.
- Não aconselho que se aproxime, e diria que seria melhor falar mais baixo. – Aproximava-se Peter.
- Quem é você?
- Peter Johnson, senhorita...
- Alana Scarlet – completou. – Que animal é esse?
- Eu acho que é um lobisomem. – Peter se aproxima do animal cuidadosamente para não acordá-lo. – Devem ter uma audição aguçada. Melhor nos afastarmos mais. Quem diria que eles existem, não é mesmo?
A cor do ambiente ficara mais quente, sim, a cor. Não sei se conseguem imaginar cor de crochê, mas era por estes tons, mais pastéis. E antes de tudo, não me perguntem como, mas Alana e Peter se entendem no refúgio.
- Por que procurou “O Refúgio”? – Perguntou Peter.
- A guerra... – Responde Alana, um tanto triste.
- Você é da Alemanha?
- Como sabe?
- Sotaque. Bom. Sou inglês.
- O que faz aqui?
- Simplesmente fugindo... De... Acho que da realidade.
- Todos estamos... E o que ele faz aqui? – Alana aponta com a cabeça em direção ao lobisomem.
- O mesmo que nós.
- Por que dorme?
- Talvez na realidade não seja possível sonhar.
- É mesmo...
Silencio. Eles se olham.
- Por que a realidade é tão triste? – Alana pergunta, indagada.
- Não sei... Mas é por isso que estamos aqui. Eu acho... – Responde Peter, reflexivo.
- Pode ser...
Não diria que está anoitecendo na caixa, mas parecia acontecer um por do sol, alaranjado e aconchegante.
- Você é feliz? – Alana olha para Peter, há expressões diferentes em seus rostos.
- Ser? ... Eu diria que estou. Aqui. Com você.