Sou uma Feminista de Armário

Olá, Galera, tudo bem ai?

Hoje vim falar de feminismo. Se você é algum conhecido ou amigo meu, deve imaginar que vai ser um texto apontando todos os motivos pelos quais não sou feminista.

Bom, quer dizer, só não vai pensar isso por eu ter escolhido muito bem o título da postagem de hoje.

Depois de anos de discussão sobre o feminismo, aqui estou eu sendo iluminada por idéias que nunca me foram claramente apresentadas até o maravilhoso discurso da Emma Watson. A essa altura do campeonato, todos já devem tê-lo visto, imagino. Caso não tenham visto, recomendo que vejam antes de continuar a ler o que vem adiante.

O papo "desigualdade de gênero" sempre tangeu para comentários como "Ah, então coloca a mulher obrigatoriamente no exército", "Ah, então agora a mulher que vai pagar a conta", "Ah, então tem que ter uma delegacia do homem pra caso de agressões de mulheres à homens", e por ai vai.

A idéia do feminismo defender a igualdade de gênero sempre transmitiu a sensação de que as mulheres queriam é ser privilegiadas. Que estavam se contradizendo todos os dias ao afirmar não serem um sexo frágil, mas querer tantos "mimimi" para defendê-las perante essa sociedade machista.

Cada vez que uma feminista tentava se explicar sobre isso, só citava exemplos relacionados à mulheres. Só citava exemplos do quanto as mulheres precisam de leis que as apoiem, e apesar de eu sempre ter sido a favor à elas, nunca manifestei sequer apoio ao feminismo, pois ele vinha cercado de muito mais esteriótipos que eu não queria me ver relacionada.

Um exemplo: mulheres que ocupam um mesmo cargo, tem a mesma experiência, formação e capacidade, devem ganhar o mesmo salário que os homens. Mas pra mim isso é tão óbvio que parece que é uma desigualdade que não existe na minha realidade. Por que raios a mulher ganharia menos?

Não faz sentido, então é uma lutinha besta que só serve pra equilibrar a quantidade de babozeiras que o feminismo carrega.

Se você chegou até aqui, calma. Me refiro aos pensamentos que eu tinha, os pensamentos que essas coisas me faziam ter e que nenhuma feminista, nenhum texto que eu pesquisei, foram capazes de abrir minha mente. Hoje eu sei que o que eu pensava, não é feminismo. Pena que muitas das feministas que existem, não conhecem esse feminsmo que eu vos relato no momento e apoiam a causa por motivos distantes dos que ela defende.

"Eu decidi que eu era feminista, e isso não parecia complicado pra mim."

- Emma Watson

Pois pra mim, decidir que sou feminista é a coisa mais complicada do universo. Decidir que eu sou qualquer coisa parece ser limitador demais e nada libertador. Decidir alguma coisa quer dizer me estereotipar e não deixar que eu tenha um pensamento sequer que não concorde com a maioria adepta àquilo. Sou uma feminista de armário, pois o feminismo que eu apoio, não é o mesmo do de todo mundo. Podem dizer que é, mas eu imagino que vai continuar havendo diferentes significados pra isso.

Já aconteceu de opiniões "machistas" que eu exibo me condenarem ao ponto de amigas feministas simplesmente me excluirem por ~não me suportarem~. Por que é que as mulheres fazem isso com elas mesmas? Por que não usar a oportunidade para dialogar? (agradeço as minhas amigas que o fazem). Por que não vir com definições de feminismo que passam longe do meu olhar preconceituoso?

Vi esse vídeo da Lully, que foi o motivador pra que eu escrevesse isso. Ela também fala de um feminismo que eu considero ideal. De um feminismo pelo qual eu lutaria se fosse apenas essa causa pura.

Acontece que eu sempre vou ter alguma opiniãozinha mediocre e machista (Isso porque o pessoal acha que o contrário do feminismo, é o machismo. Mas descobri com a Lully que tudo isso que enfiaram na minha cabeça não é verdade, não sou machista só porque uma feminista me chamou assim por não concordar com ela). Acontece que eu apoio o direito da mulher de fazer o que quiser com o próprio corpo, mas a minha opinião sobre mostrar os peitos pra conseguir isso é que é desnecessário e que na maioria das vezes o último motivo *praquelas mulheres estarem com os seios de fora é que estão fazendo isso como forma de protesto.  

Isso piorou com o movimento #naomerecoserestuprada. Piorou e muito minha visão sobre o feminismo. Como eu disse, a mulher tem o direito de fazer o que quiser com o corpo, e tem mais direito ainda de se achar linda com seu corpo e expor se quiser. Mas a visão de mundo sobre expor o corpo não iria mudar da noite pro dia com essa campanha, e podem de chamar de pessimista, mas o Brasil teve uma caminhada muito longa de objetificação do corpo da mulher. Não vai ser hoje e nem dessa maneira que as mulheres vão conseguir acabar com isso. 

Por sinal, dá pra saber muito bem quando a menina tá fazendo aquilo por protesto e quando o protesto é só uma desculpa pra atrair atenção (pra ela, não pra causa). (vide imagem acima)

Eu sei muito bem que a culpa é do agressor. E sei que hoje em dia não são só apenas doentes mentais que cometem esse crime. Mas por mais que a mulher esteja lutando pelo direito de se vestir como quiser, sair o horário que quiser e etc, reflitam: Você sai do banco contando dinheiro na rua?

Pois é... Basta uma frase, por sinal bem lógica, pra alguns a partir dela já pensarem que estou me contradizendo, que não sou feminista e que não luto pelos mesmos direitos que elas lutam. 

Sem querer ofender à todas as meninas que tem a coragem de fazer isso por motivos verdadeiros, as palavras da Emma mudaram muito mais o mundo do que os seus peitos. Os diálogos que tive com amigas feministas mudaram muito mais a minha cabeça do que fotos com aquela hashtag. 

Por que o discurso da Emma inteiro está por último na pauta das feministas que eu vejo e encontro por ai? Porque não explicar o quão amplo se refere o direito da mulher de mandar no próprio corpo? Porque não mencionar que os homens precisam acreditar no feminismo até mesmo por eles próprios? Eles: que podem ter o direito de chorar, curtir fio terra, ter medo e etc sem serem considerados menos homens por essas e outras. Por que não discutir que a igualdade de gênero não é um privilégio feminino como muitas vezes tem parecido? Porque não esclarecer melhor sobre o que é o feminismo e oprimir menos quem está entendendo errado?

Pois é, oprimir menos. Ou você acha que me chamar de machista não me deixou pra baixo, não fez eu me sentir um dos seres mais escrotos possíveis e martelando minha própria cabeça por carregar o fardo ainda maior de ser MULHER e ser MACHISTA ao mesmo tempo. Uma VERGONHA. 

Me disseram isso tantas vezes que acreditei até ligar o foda-se. 

Frequentemente na sociedade a gente acha que pra reduzir uma opressão, tem que oprimir o outro lado até ficar igual.  Depois surgem mais apelidinhos ainda, como Feminazzis, e reclamam. 

Olho por olho e o mundo acabará cego. 

-Gandhi

Não ignorem as mulheres que pensam diferente. Não ignorem mulheres que como eu, podem ser feministas de armário. Não deixem de conversar, de explicar, de abrir caminhos. O movimento feminista, o #heforshe, precisa da compreensão de todos... Não é me dizendo o quanto minha visão é modificada pela sociedade que eu vivo que me transformou numa machista ignorante que o movimento ganha força, pelo total contrário. 

Feministas, aprendam o que vocês são. Saibam pelo que vocês realmente lutam, e que vocês não lutam por vocês mesmas ou pelas mulheres, mas por todos. Não deixem que distorçam o que tudo isso significa, mas deixem cada vez mais claro a pureza do movimento. Conversem comigo, conversem com outras mulheres que pensavam como eu. Entendam que uma idéia se planta por uma semente, não com ela totalmente formada. Ela precisa passar por todas as nossas barreiras formadas por opiniões que considerávamos verdades, por dogmas que nos acompanham desde a infância, por tudo que nos compõe como um ser pensante.