Mais uma vez caí na ilusão de que dormiria o suficiente, que acordaria só quando o despertador tocasse e que o novo dia começaria mais disposto. Remexi na cama até me localizar que eu realmente estava nela e pra que lado ficavam as luzes que eu ia acender.

O celular estava no criado mudo, de canto do olho já vi algumas notificações. Levantei-me, fui ao banheiro, lavei o rosto e até que me senti bonita. Esqueci que o propósito pra eu acordar na hora programada era que eu ia fazer exames de sangue e me refresquei com um restinho de refrigerante de maçã que tinha na geladeira. Marquei bobeira, como se diz por ai, e já não dá mais pra fazer os exames, pois sem querer (ou sem pensar) saí do jejum. 

O silêncio da madrugada faz com que eu ouça mais alto meus pensamentos, mas eu ainda não estava pensando, comecei a pensar apenas quando eu decidi que precisava escolher fazer alguma coisa, já que provavelmente não iria conseguir dormir. 

Meu quarto está arrumado e arranjaram um lugar melhor para o meu teclado; assim que o ví, o liguei, ajustei o volume para baixo e o toquei. Era aquilo que eu queria fazer no momento, então puxei a cadeira e pus-me a deslizar os dedos pelas teclas como se tivesse compondo mais uma música do nada, um trecho. Calmo, harmonioso e quiçá alá caixinha de música, daquelas que você dá corda e se deita apenas pra ouvir. Era o que parecia. Mas ainda não estava do jeito que eu queria. 

De repente eu não queria mais tocar e fico aqui pensando na melodia, no trecho repetitivamente, sem saber como continuar, mas tendo o inesperado pensamento metafórico de que aquilo se comparava e aplicava à várias coisas da vida, como à ela própria. Talvez a descrição de como foi essa madrugada, agora já manhã, fosse mais explicativa em relação a este último parágrafo do que uma tentativa de dissertar inteiramente sobre ele. Então pus-me a escrever. 


Deixe um comentário