Oi, eu sou a Morte. Eu poderia perguntar "Tudo bem?", mas as pessoas geralmente me conhecem mais rápido do que como você leu a primeira frase.

Aliás, seria irônico, não? Se você conhecer a Morte, então é porque não está tudo bem. E claro, mesmo se for uma morte lenta e eu perguntar "tudo bem?", vão pensar que eu estou checando naquele momento os seus batimentos, respiração, pressão... Eu não posso fazer isso. É difícil crer que sou pacífica?

Você já deve ter ouvido falar em "quando chegar a hora", mas isso não é minha culpa, fale com Destino... e o Tempo. Mas sobra sempre pra mim o pior fardo. A Morte não tem cura, tem jeito pra tudo na vida, menos pra Morte... Blá blá. pff.

Há mortes naturais, mortes acidentais, pessoas que se matam e pessoas que matam as outras e ainda sim eu não deveria levar a culpa sozinha. Eu apenas levo quando chega a hora.
Você deve estar se perguntando pra onde eu os levo. 

Todos perguntam. Mas infelizmente não cabe aos vivos saber essa resposta ou desvendar o maior mistério da vida, que é o fim dela. Pode ser o fim, pode ser o começo, recomeço, transformação, nada... Mas há tantas crenças sobre isso que jamais concederíamos a vocês a verdade, pois seu mundo corre um grande risco de desequilíbrio, e eu preciso continuar aqui com as coisas em ordem e esperar até o último ser vivo desse mundo morrer, para que eu então possa trancar a porta e partir para o próximo.

Só um minuto, há um senhor no quarteirão ao lado dormindo e parando de respirar.


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