Tudo começa quando criança, crescendo numa família que gosta e muito de futebol. O que era mais comum de se ouvir era me perguntarem: "E aí, Lalá! Que time se torce?!" ou "Fala co-rín-tias!", e vendo a empolgação deles em torcer, senti quera algo que eu tinha que fazer também. Eis que uma das minhas primas jogava futebol profissionalmente e ela torcia (torce) pro São Paulo... Comecei a falar que torcia pra esse time também, e então alguns outros primos me xingavam de "Folhinha", dizendo que eu não podia mudar de time.




Porém meu contato com o futebol era apenas isso: responder qual time eu torcia quando me me perguntavam e perguntar quem estava jogando quando via meus tios e primos (sim, só os homens) assistindo jogo na televisão. Eu comecei a me perguntar por que todos tinham que ter um time... Inclusive as minhas tias, já que nenhuma delas assistia a jogo nenhum, nem sequer dos times que torciam. Eu pensava que ter um time para torcer era como religião na família: você precisava ter e dizer que tem, independente se eu reflito sobre isso, se eu me interesso por isso e whatever. Eu precisava ter um time, e precisava ser católica.


Na época da catequese me enfiaram mais coisas de religião na cabeça, e foram tantas coisas que eu comecei a pesquisar, querer ter minhas perguntas respondidas, e querer ter o direito de pensar o que eu quisesse sobre isso, querer ter o direito de não ser julgada, e de escolher não querer mais fazer parte disso tudo, pois nada disso me traduzia como pessoa. E Foi junto com a religião que abandonei o futebol.

Eu não queria ter time, e eu não queria ter religião. Eu queria apenas ter a minha opinião.



Respeito o futebol como um esporte. Mas não é assim que o Brasil enxerga o futebol, é de um jeito extremista e fanatista, que não significa nem aqui nem na China que é o mesmo que ser Patriota. Bandeiras são expostas a cada 1 metro quadrado e durante as copas, pode-se notar que o Brasil realmente PÁRA e eu não acho isso certo.  Sair mais cedo do trabalho, porque vai ter jogo... What? E por que novamente o futebol precisa obrigatoriamente fazer parte da minha vida?


Não é nem pela seleção, mas... Em jogos normais podemos ver o quanto o futebol toma conta dos sentimentos dos torcedores ao ponto de acontecerem brigas que resultam até mesmo em mortes.


Mortes por motivos super banais. Realmente não entendo como o futebol, acima de qualquer outro esporte, foi se tornar o ópio brasileiro ao ponto de sermos conhecidos como "O País do Futebol" (Título que deveria ser trocado por "O País do HUE", rs).

Eu, como uma pessoa que tem seus vícios, e que muitos deles também não são compreendidos e mal julgados aos olhos de muitas pessoas, até entendo que a minha visão sobre o futebol pode ser um olhar como o desses que se opõem aos meus vícios. Cá entre nós... Nunca houve uma super treta entre fãs de HP e Crepúsculo... Nunca me deixaram sair mais cedo para comparecer ao lançamento de alguma coisa importante pra mim.  Meus vícios nunca foram responsáveis por tirar pessoas que não são adeptas a eles do percurso de suas vidas.


Apesar de tudo, torcer para o Brasil na Copa não te tira o direito de ser cidadão e querer exercer seus direitos, como muitos estão dizendo. Se você quis parar com isso para fazer a festa, beleza. Agora erga as mangas da camisa, seja ela verde e amarela ou não, e passe a lutar e torcer de verdade pra única causa que deveríamos estar em acordo e que deveria fazer parte da vida de todos: Melhorar o Brasil.

Compartilho da opinião de que o país não tem mais jeito... Mas... Podemos tentar ao menos não afundar mais no poço, né? Podemos fazer nossa parte, esperar que cada um faça a sua... Nem que a parte de um seja um pouco maior do que a de outro... que faz com que outras pessoas se conscientizem para também procurarem por um Brasil melhor.  Aí sim podemos ter uma festa de verdade pra comemorar.


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