Vivemos cercados por aquilo que chamamos de "Máscaras", aquela coisa que faz com que uma pessoa não seja ela mesma e sim um personagem que quer passar alguma personalidade diferente da qual ela possui. Desde aquela pessoa que parecia ser sua melhor amiga e que na real, falava mal de você pelas costas, até mesmo quando você diz que está tudo bem e sorri, mesmo não estando.

Cada texto que você encontra falando sobre as Máscaras na Sociedade, vai ler sobre o quanto isso é uma coisa falsa e ruim. Que você sempre deve ser você mesmo e nunca se importar com as pessoas que não gostarem disso.



Eu, como uma pessoa que desde os 14 anos aprendeu a se expressar, juntamente com as minhas palavras vieram as roupas escuras, maquiagem "dark". A pessoa que passava como um cartão de visitas a imagem de Gótica, que por sinal, meio que não deixava de ser verdade. Os tipos de texto que eu lia, as músicas que ouvia, as questões que eu levantava e as crises existenciais que me consumiam, eram todas expressas através dessa primeira impressão que tinham ao me ver pela primeira vez.

Óbvio que juntamente com isso também passava coisas que eram motivo pras pessoas me julgarem, e não me compreenderem. Assim como a sociedade ainda pensa que gótico é um ser satanista, que prega o mal, que faz pactos com o diabo, bebe sangue no cemitério e whatever. Depois que eu anunciei que queria fazer a tatuagem da Chave do Inferno de Lúcifer então, pfff, aí até a minha família, que conhece a boa pessoa que sou, começou a ficar preocupada com o que se passa comigo, que sou diferente.


Ainda mais depois de tanta coisa que a sociedade associa à uma pessoa gótica, mesmo lendo muito sobre o assunto, decidi desmentir isso a cada pessoa que me rotulava, e decidi que eu não queria ser rotulada. Eu queria apenas ser: eu mesma. Isso se estende até os dias de hoje. Você é gótica? Não. Você é rockeira? Não. Você é emo? Não, caralhos. Eu sou apenas, eu.

Eis que a sociedade não quis parar com seus conflitos entre ela, e "eu mesma".
Mesmo negando os rótulos, meu cartão de visita, as roupas e a maquiagem, continuavam trazendo aquilo a tona, e ainda trouxeram mais: "Você se esconde por trás dessa maquiagem, é sua máscara."

Não só pela minha ser de um estilo mais dark, mas vêm dizendo isso a qualquer moça que GOSTE de usar maquiagem, que se sinta bem usando, que se sinta bonita e feliz. Dizem que elas não estão sendo elas mesmas por conta desse "reboco" todo, que maquiagem pode até melhorar sua alto estima, mas é uma falsa auto estima... Why dont you care about you own life, mother fucker?

A história por trás disso deve aos padrões de beleza, que adivinha: a sociedade impôs. Primeiro ela nos diz que devemos ter a pele de porcelana, lábios e maçãs rosadas, sobrancelhas bem feitas e de preferência, olhos claros. Depois ela vêm me dizer que se eu "me escondo" atrás dessa máscara, eu sou uma farsa.

Querida sociedade, você vende farsas. Você vende farsas, você vende rótulos, você vende padrões, VOCÊ É UMA FARSA.




Assim como muitas meninas, digamos... Alternativas, costumo ver as mulheres ao meu redor como aqueles robozinhos, sempre a mesma coisa com nomes diferentes. A gostosa de academia, a tia que só vê novela...


E pra variar, me julgo diferente delas (e sem querer querendo, me julgo melhor também).
Eu coloquei aqui a minha situação, mas estamos, de fato, no mesmo barco.

Se eu vejo esses padrões e eu mesma consigo definí-los aqui pra vocês, é porque eu também estou rotulando. Eu também estou julgando, eu também estou contribuindo pra todo esse... Paranauê (desculpem, rs, não achei uma palavra).

Eu, juntamente com você, a tia e a gostosa, sofremos dessa doença chamada "síndrome do esteriótipo" (chamada por mim, que acabei de inventar, hehe, mas permito que se espalhe).




Fazendo parte de uma tribo que se encaixe em uma minoria, é comum que nos sintamos não compreendidos e isso realmente seja uma verdade. Afinal, por onde eu passo, atraio olhares curiosos ou medrosos. Eu sempre quis que as pessoas me olhassem nos olhos, talvez eu tenha achado a melhor das maneiras de se fazer isso: dar-lhes algo diferente para encarar que signifique que elas estejam ME encarando. Encarem meus olhos, e decifrem-me se não devoro-lhes. hehehe, não pude exitar em deixar essa frase de fora.

Olhos marcantes representando uma personalidade marcante, modestamente falando.

Foi então que cheguei a conclusão, sobre o que denominaram ser a minha máscara: Minha máscara é representada de dentro da fora, não de fora pra dentro. Então não tem como errar. Não tem o que questionar, não tem como desmentir. Sendo assim, estou fora da falsidade e fora de ser alguém cuja alto estima depende de se encaixar em padrões. Muitas pessoas se surpreendem ao me ver sem maquiagem, mas elas já me conhecem o suficiente para continuar na minha presença sabendo que "esse ser sem maquiagem" ainda é "eu mesma".  Pra conhecer alguém, prefiro que essa pessoa me conheça com a minha máscara, não pra esconder quem eu sou, mas sim pra antecipar quem eu sou, e se causar curiosidade ou medo, que esse enigma fique a par de ser resolvido pelas pessoas que valem a pena.



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