Confesso que já me esqueci do que eu tinha que escrever.
Tinha de ter escrito bem antes, quando estava sentindo tudo aquilo. Não agora, que já estou tranquila e que já passei pela fase de aceitação sobre meu ano.
Já estou remediada de tudo o que estava consumindo minhas energias e pronta pra encarar meu quarto ano de cursinho.

Acho que posso começar por aí. Pelo cursinho:
Todo mundo acha que pagar cursinho é o mesmo que pagar sua vaga numa universidade. Não, não é. Eu também achava, antes de fazer cursinho, é claro. Pagar por um cursinho é pagar por uma estrutura de um lugar, professores pra dar aula e ainda ter que ter grana pra comer e andar de ônibus. Não está incluso nisso toda a sua dedicação, atenção, concentração... Enfim, tudo aquilo que você realmente precisa pra passar. Ir à aula não é o mesmo que estudar; e estudar é uma coisa desgastante e que pouquíssimas pessoas (ao menos do Brasil) saberão um dia o que é. É, alem de ver 7 horas de aulas, ainda conseguir estudar mais 7 horas de exercícios e leitura, isso sendo na verdade o ideal. Isso e ainda lidar com pressão, stress, abdicar de tudo o que te faz feliz, de ver amigos, de conversar, de dormir até mais tarde no final de semana...

Eu sai do meu ensino médio sem nunca ter estudado. E demorei 2 anos de cursinho pra realmente conseguir fazer isso. É um hábito difícil de pegar, e mais difícil ainda de pegar no cursinho: pois você não dá conta de tudo. É muita matéria, muita coisa pra fazer e você não consegue fazer nem metade. Nos dois anos anteriores eu desisti no meio do ano de tentar conseguir. Mas esse ano era o ano. Eu estive focada o ano todo, consegui aproveitar o cursinho, consegui estudar, consegui aprender mais as matérias que não entravam na minha cabeça, eu estava simplesmente conseguindo! Todos os finais de semana eu fazia simulados, durante a semana eu saia de casa 6h da manhã e voltava quase 20h.

Isso me evoluiu, mas ao mesmo tempo acabou com a minha saúde, e ela já não é boa. Passei o ano tomando remédios, indo à médicos, engordei pra caralho, destruí meu corpo e minha auto estima comigo mesma. O canal tava em pé, eu tinha gravado os vídeos do ano todos (na verdade uns 90%) nas férias do começo de ano, mas eu não estava mexendo nele, então eu quase não tive nenhuma distração. Eu tranquei meu facebook no começo do ano, reativei depois da metade dele apenas. E mesmo assim meus pais acham que isso é um problema e que eu fico perdendo meu tempo lá.

Tive erros? Claro que tive. Sempre dava pra gente ter feito mais. E o importante é que eu sei quais são, pois aí sei o que corrigir. E inclusive, muitos dos meus professores mesmo acham que abrir mão de tanta coisa é um desses erros. E é por isso que este ano voltarei à academia pra juntar um pouco os benefícios que ela me trará quanto ao stress dos estudos e quanto à minha saúde. O canal eu vou parar mesmo, mas como eu já disse no começo do post, tá tudo bem. Já aceitei.

Mas então. Voltando ao começo do post, eu disse que todo mundo acha que cursinho é a porta da universidade, certo? certo. E pra completar o pensamento, a questão é basicamente que eu estou indo pro quarto ano de cursinho e simplesmente ninguém entende qual é a dificuldade que eu tenho de passar.  Isso porque simplesmente ninguém entende nada da minha vida. Pensam que eu tenho tudo, todas as condições e que isso é o suficiente. Quando eu passar na universidade vai ser uma comemoração de eu finalmente ter passado, mas vai ser um: "não fez mais do que a obrigação."  "também?! Quatro anos de cursinho até eu!" "finalmente deu um passo pra frente" "deve ter cansado de desperdiçar a grana do pai dela" etc e tal.
E é por isso que vou ter que estar preparada pra sofrer com as pessoas até mesmo quando eu conseguir realizar meu objetivo que é de passar na universidade.

Ninguém considera o ensino médio de LIXO que eu tive. "Ah, mas foi particular".... O maior erro dos meus pais. Pensaram que é um fato que particular > pública. A minha escola foi uma das piores, ensino médio + técnico, tudo no período da manhã misturado. Eu tive metade das aulas do ensino médio que as pessoas de escolas normais tiveram e nem foram aulas boas como era de se esperar. Não fui preparada para nada. Saí de lá sem saber fazer uma fatoração. Então eu sei bem o quanto eu consegui evoluir durante o cursinho.

Minha irmã, por outro lado, teve a chance de fazer um cursinho pré vestibulinho, e passou na ETECAP. Uma escola pública daqui de Campinas, com um ensino não bom, mas melhor do que eu tive. Além disso, ela tem cotas quando presta vestibular. Taí um ponto sobre cotas que eu não concordo. Nossos pais, nossa condição familiar é a mesma, mas ela ganha pontos e eu não. Mas tem aquele MAS: "Mas ela quer medicina".  E tá tudo bem. Eu torço muito por ela. Quero que ela realize os sonhos dela. Unica coisa que me incomodam é a comparação que fazem entre a gente. O tanto de ponto que ela tem que fazer pra passar em medicina é o mesmo que o meu, já que ela tem cota. Então a gente basicamente tem que estudar o mesmo tanto. Só que por eu querer um curso de humanas, estar a mais tempo prestando e não estar prestando pra medicina, só eu tenho a pressão nas minhas costas.

Qual é a do meu curso? Midialogia, 3º curso mais concorrido da unicamp. 30 vagas, só 30 fucking vagas! E gente de todo canto do Brasil presta prova da Unicamp, no último ano foram mais de 1500 pessoas. Pra segunda fase passam menos de 200 pessoas. E como vocês viram no primeiro post... Era pra eu ser uma dessas 200 se não fosse pelo meu erro no gabarito. O que já era uma conquista e tanto pra mim. Era não, foi. Eu senti a conquista, eu comemorei por dias até receber a má notícia. Mas eu consegui sim, só não oficialmente, infelizmente. 2016 não foi uma derrota completa pois eu consegui enxergar as minhas vitórias mesmo que elas não tenham sido do tipo que se dá pra tirar print e postar pra todo mundo ver.

No próximo post falarei um pouco sobre outras opções pra minha vida, sobre o que outras pessoas ficam colocando na minha cabeça, essas coisas.


Até mais, beijos, 
Lariih


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