Como prometi no post anterior, vou detalhar melhor alguns sentimentos sobre o final de ano. Hoje vou falar de quando descobri que não passei.
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Saí da prova com o gabarito preenchido pra corrigir em casa. Corrigi. 62 pontos, eu tinha conseguido. Eu tinha conseguido. Recontei pra ter certeza e sim. Eu finalmente tinha conseguido, finalmente passei, finalmente dei um passo à frente, finalmente estava vendo aquilo se realizar. 
Chorei muito, emocionada. Eu não parava de chorar e meu sorriso não saia do rosto.  Comemorei contando pras pessoas que mais importavam primeiro, depois postei no Facebook. Eu já tava dentro.

Agora era só continuar estudando pra segunda fase em janeiro e aguardar o sonhado resultado. 

Eu já conseguia imaginar meu 2017, ano mais feliz da minha vida. Ia ter entrado na Unicamp, conseguir tocar o canal pra frente, ver mais meus amigos, fazer amigos novos incríveis, cuidar de mim voltando à academia e fazendo tightlacing, começando projetos fotográficos e cosplays mais fodas, quem sabe o quanto eu cresceria esse ano!  Sonhei muito nesse tempo e estava motivada.

Muita gente me parabenizou, alguns já queriam marcar comemoração. E eu queria muito! Eu mereco! Quanto tempo já não faz?! E venho dado meu sangue nisso. Abri mão de tanto. Tanta coisa, tanta gente, tanto tudo. Foquei, estudei, dei o máximo de mim. Queria muito ir pra São Paulo ver minhas amigas, finalmente eu ia poder ir! Queria é dar uma festa e chamar todo mundo!


A cada dia, a cada momento que eu estava só ou em silêncio, era isso tudo que passava pela minha cabeça. Até que chegou o dia do resultado oficial. Fui pra aula, normalmente. O resultado saiu no meio da aula de história. Todos começam a olhar, comemorar, ficarem aliviados ou surpresos. Eu não passei. 
Os olhos iam enchendo de lágrimas e saí da sala só com o celular na mão. Pouco antes da saída, vejo algumas pessoas também ao celular, mas escuto "Mãe? Eu passei na Unicamp!" Sim, passei!" ... Mais um ano eu não faria essa ligação. 


Saí pra fora do cursinho, ia caminhando até a rua sem saída, desmoronada, aos prantos. Meu namorado estava em prova esse horário, liguei pra minha mãe. Chorei muito, contei. Desesperada. Soluçando ao ponto de ser difícil sair uma palavra inteira. Eu pensava e falava: E agora?!
Com a mão livre, a que não segurava o telefone eu arrancava cabelos e mordia minha própria mão bem forte. Eu não sabia o que fazer e tudo o que eu sonhei foi por água a baixo. "Agora já era né, Larissa. Vai ter que trabalhar", disse ela no telefone. Eu não queria. Não queria que isso fosse real. Eu estava sem opções.
Meu pai não pagaria outro ano de cursinho, ele tinha dito que era o último. como eu ia voltar pra casa agora? Como eu olharia pra ele depois disso... Depois de 3 anos jogando dinheiro fora comigo... Não passei na universidade, não posso fazer cursinho, não está fácil assim arrumar um emprego e aquilo tudo doía demais. Pra mim me restava voltar, andar até a Avenida Brasil e me jogar na frente de um ônibus. 


Mandei mensagem pra uma amiga que tinha pedido pra que eu dissesse pra ela se ela tivesse passado. Ela passou, então avisei. A resposta foi um "E você??" ... Era óbvio que não! Eu sairia cantando aos sete ventos, eu teria dito que Nós passamos na Unicamp, no plural. Achei a pergunta ridícula e ignorei por um bom tempo. Mandei mensagem pra minha melhor amiga, que também não passou. Não demonstrei como eu estava pela mensagem. Foi apenas um "não passamos na Unicamp. :/ ". Mas ela entendia o que era aquilo pra mim e logo em seguida me ligou. Eu em prantos e ela aguentando a barra. "Você quer que eu vá aí?" Disse ela. Aquilo foi minha salvação. Praticamente desabei em choro e implorei pra que ela viesse. Eu não tinha ninguém. Eu precisava de alguém.  


Ela saiu de Sumaré o mais rápido que pôde pra me buscar. Entrou na sala de aula no meio da aula, pegou meu material e saiu. Me salvou. Eu não conseguiria entrar lá no cursinho, passar novamente por essa humilhação. Ah sim, eu vi meu resultado de não ter passado estando no cursinho nos últimos 3 anos também. Mas era nesse que eu tinha a certeza. Era nesse que eu comecei a sonhar. A humilhação que senti foi mil vezes pior. 


Passei o dia todo com minha amiga. Fomos na Pedreira do Chapadão passar um tempo, fomos almoçar, fomos pra casa dela, fomos tomar sorvete, voltamos pra casa dela... Fui pra minha casa quase meia noite, na certeza de que todos estariam dormindo. Eu não estava pronta pra lidar.
Assim foi. Conversei um pouco com meu namorado. Ele também estava desacreditado, afinal, eu havia conseguido os pontos. Contei errado será? Não. Em silêncio assumi na minha consciência a burrada que eu fiz. Pelo resultado oficial do site, eu devo ter passado algumas questões erradas para o gabarito oficial. E um erro desse me custou o ano seguinte. 
Meu namorado me confortava pra que eu não pirasse mais ou fizesse alguma besteira. Ele faria o que tivesse no alcance dele pra me ajudar. Chegou a fazer várias contas de como dava pra ele me ajudar com o cursinho com as suas últimas e poucas economias, estava realmente disposto. Nem que fosse pagar um suficiente pra reduzir as mensalidades pro meu pai.

Aula normal no dia seguinte. Evitando ao máximo o contato com meu pai. Ele me levou pra aula, normalmente eu dou carona pra uma amiga minha, mas como não passei, ela achou que eu não fosse mais. Quando chegamos no cursinho, eis que ela desce do carro da frente. "Ah, olha ela ai.", comentei. "É, Parabéns... Pra ela.", diz meu pai, com tom sério, bravo e irônico. Meus olhos vão se enchendo de lágrimas de novo, sai do carro e bato a porta com força, de ódio. Qual a necessidade daquele comentário? Entrei chorando e não consegui entrar pra primeira aula. Estava claro ali que eu não tinha o apoio dele, que ele estava bravo comigo, que pra mim já era mesmo. Eu estava passando pelo pior momento da minha vida e não tive como contar com meus pais pra me consolar, me ajudar a superar isso, me ajudar a ver minhas opções. Eu me senti sozinha, inútil, abalada e ainda recorria aos pensamentos de que era melhor eu me matar logo.

Procurei dois professores que me apoiavam pra conversar da minha derrota e eles me deram força pra continuar, não desistir, tentar dar um jeito. Era pensamento deles, do meu namorado e meu que meu pai não poderia fazer isso comigo e jogar 3 anos fora em que investiu em mim com cursinho. Triste é que só eles me entendiam. Até mesmo minha irmã não apoiava mais que eu fizesse cursinho. Não entendem nada. Não seria difícil ir atrás de entender, mas dissertarei esses outros pensamentos no próximo post.

Até mais.
Lariih


Um Comentário

  1. Menina, não fique assim, não! A gente nunca entende alguns socos que a vida nos dá, mas tudo sempre tem um porquê! Eu, ao contrário de você, convivi com muitos olhares que jamais acreditaram em mim, que pensavam que eu jamais iria passar em uma Universidade pública e hoje estou na USP. Cada pessoa tem seu tempo de fazer as coisas, e não é porque você não conseguiu agora, que nunca irá conseguir... talvez seja este o momento de você parar com carinho e pensar em si mesma, avaliar suas possibilidades, outros caminhos (também!) e não faz mal algum ter que trabalhar... aprende-se muito assim também. Quando saí do colégio, também precisei trabalhar por alguns anos, principalmente porque não sabia o que queria cursar, e não queria perder tempo. No meu caso, ou eu passava em uma pública, ou não estudava... cada pessoa tem seus problemas a carregar, e o fato de você não ter conseguido, jamais deve ser encarado como humilhação! Jamais! Eu não lhe conheço pessoalmente, mas posso te dar um conselho de coração: não desista! Tente outras vezes, faça a prova todos os anos se necessário. Continue caminhando em frente, e delete da mente essa ideia de suicídio, pois isso não resolve nada. #StayStrong lindona, uma hora vai! <3 Ainda vou ler texto comemorativo teu aqui! Beijão.

    4sphyxi4.blogspot.com.br

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